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ADAUTO SILVA

Adauto Silva é jornalista e proprietário do site Autoracing, um dos maiores do Brasil sobre automobilismo. Adauto me cedeu um depoimento sobre o relacionamento de Ayrton Senna e Nelson Piquet, para a edição especial da revista Alternativa do Japão em maio de 2012.

O Piquet conseguia ser brincalhão, mulherengo e ao mesmo tempo, extremamente profissional. Ele tinha a vantagem de ser mais velho e ter muitíssimo mais experiência que o Senna, até porque quando o Ayrton estreou na categoria, o Piquet já era bicampeão mundial. O Ayrton chegou na Fórmula 1 com uma postura extremamente séria e era obcecado pelo trabalho. Não pensava ou fazia outra coisa que não fosse o trabalho 24 horas por dia. Ambos tinham personalidade forte e acho que um já não gostava do outro, mesmo antes de Senna chegar na Fórmula 1.
No final de 1987, quando ao sair da Williams para competir na Lotus, perguntaram ao Piquet porque ele estava saindo da equipe na qual ele tinha acabado de se tornar tricampeão, para ir para outra que não tinha um carro tão bom. O Piquet declarou, entre outras coisas, que a Lotus tinha um carro bom, que tinha andando algumas vezes atrás do Ayrton e viu que o carro era muito bom, mas faltava um piloto que soubesse acertá-lo. Imagino que o Ayrton tenha sentido este golpe. Mas a rivalidade ganhou contornos dramáticos no início de 1988. Talvez para devolver o golpe que levou em 1987, ao ser questionado porque tinha sumido da mídia no início de 1988, o Senna afirmou que o tinha feito para dar a "outros" uma chance de aparecer um pouco. Ayrton ainda disse que não fazia sentido o "outro" ser tricampeão mundial e ele continuar sendo o assunto principal.
Nelson Piquet ainda chegou a declarar que Ayrton Senna era homossexual, o que acabou tendo que responder na justiça comum, mediante processo movido pelos advogados do Ayrton.

Foto cedida - Adauto Silva